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Continuação





    Desta forma, tanto o desenvolvimento de tecnologias (e protocolos) quanto de pesquisas aplicadas na
    bioprospecção de novas moléculas naturais e/ou de descoberta de novas aplicações para moléculas já
    conhecidas, são estratégias de PD&I alinhadas com a Nova Bioeconomia Mundial.
    Segundo  a  Comissão  Europeia  de  Pesquisa  e  Inovação  em  Bioeconomia  (European  Commission,
    2016), estima-se que a mudança de uso dos produtos derivados do petróleo para os biológicos possa               Matéria:
    reduzir  o  consumo  de  CO2  em  2,5  bilhões  de  tonelada  por  ano  a  partir  de  2030.  Essa  nova  matriz
    econômica é um setor de rápido crescimento e capaz de criar novos mercados e trabalhos.
    A  biomassa  macroalgácea  tem  uma  importância  muito  relevante  no  contexto  da  Bioeconomia  Azul
    devido  ao  potencial  para  múltiplas  aplicações  e  pode  abastecer  o  mercado  global  com  alimentos,
    ingredientes  de  ração,  produtos  farmacêuticos  e  fertilizantes,  além  de  produtos  que  podem  substituir
    materiais  à  base  de  petróleo.  Porém,  em  contraposição  a  este  fato,  torna-se  um  desafio  encontrar
    espécies que apresentem elevada taxa de crescimento e alta concentração de moléculas desejadas em
    quantidade suficiente, no meio natural. A solução para resolver esse problema é o cultivo que garanta a
    obtenção da matéria-prima para os diferentes segmentos das indústrias. Podem-se classificar os cultivos
    em: Cultivo no Mar e Cultivo Integrado.
    A  aquicultura  (maricultura  no  mar)  é  considerada  uma  das  atividades  da  bioeconomia  azul  que  mais
    cresce no mundo e muito poderá contribuir com a demanda crescente de alimento no mundo, segundo              Biotecnologia Marinha com ênfase nas macroalgas
    os  dados  da  FAO,  2016.Atualmente,  as  pesquisas  procuram  desenvolver  linhagens  termotolerantes
    (adaptadas  a  mudanças  climáticas)  e  linhagens  resistentes  a  doenças  e  epífitas,  além  do
    desenvolvimento de tecnologias de cultivo mais robustas e econômicas.
    Dentro das técnicas de cultivo, existe a “Aquicultura Multitrófica Integrada” que consiste em reciclar os
    subprodutos (resíduos) de uma espécie para se tornarem insumos (fertilizantes, alimentos) para outra.
    Por exemplo: os resíduos dos camarões ou peixes servirão de fertilizantes para as algas.
    Coletas de algas atiradas nas praias (arribadas) constituem também uma importante fonte de biomassa
    natural  disponível.  Esse  fenômeno  está  ocorrendo  com  mais  frequência  em  muitas  praias  da  costa
    brasileira,  devido  às  alterações  nas  condições  oceanográficas  afetadas  pelas  mudanças  climáticas.
    Nessas ocasiões, grande volume de macroalgas se acumula nas praias, ocasionando sérios problemas
    ambientais,  afastando  os  turistas.  Porém,  a  biomassa  pode  ser  aproveitada  de  diversas  formas,
    transformando problemas de gestão em oportunidades.
    Em conclusão, as algas marinhas têm grande potencial para contribuir com diferentes soluções para um
    mundo mais sustentável, além de possuir qualidades para enfrentar alguns dos grandes desafios sociais
    do  mundo  como  na  segurança  alimentar,  na  mitigação  das  mudanças  climáticas,  no  suporte  ao
    ecossistema marinho, na criação de empregos e na contribuição para o crescimento econômico.
    Por fim, o desenvolvimento de competências em Biotecnologia marinha no Brasil passa por um incentivo
    crescente para a formação de jovens pesquisadores nessa importante área do conhecimento por meio
    dos Programas e Pós-graduação.























             Informativo CEMBRA                                        Nº 14 - Edição Semestral                  29
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