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Biotecnologia Marinha com ênfase nas macroalgas

                            Professor Drª. Yocie Yoneshigue Valentin


    O mar brasileiro ou a Amazônia Azul detém uuma alta biodiversidade de microalgas, que juntamente
    com outros organismos da flora, fauna, bactérias, vírus e fungos, oferecem uma fonte inesgotável de
    numerosos recursos biotecnológicos. Há de se reconhecer que as macroalgas fornecem um importante
    arsenal  diversificado  de  moléculas  bioativas,  altamente  potentes,  usadas  nas  indústrias  farmacêutica,
    cosmética,  energia,  alimentícia,  naval  e  agricultura.  Pesquisas  mostrando  mecanismos  de  ação  das     Matéria:
    substâncias extraídas de macroalgas da costa brasileira são fundamentais para seu registro, geração de
    patentes e aplicação.
    Extratos e substâncias químicas isoladas, para a utilização na indústria de cosméticos, nutracêuticos e
    sondas para avaliação de enzimas especificas em processos celulares, são exemplos de utilização de
    produtos gerados desses organismos marinhos. Vários extratos obtidos das macroalgas coletadas em
    águas  nacionais  para  fins  medicinais,  tais  como  para  o  combate  ao  câncer,  bactericidas,  anti-
    inflamatório,  antioxidantes  e  doenças  negligenciadas,  tem  sido  enfoque  de  cientistas  brasileiros  que
    compõem à Rede Nacional em Biotecnologia de Macroalgas Marinhas – REDEALGAS.
    Como  dito,  tanto  a  flora  quanto  a  fauna  marinha  são  fontes  de  uma  ampla  gama  de  compostos  de
    interesse biotecnológico. Além disso, compostos fenólicos e os flavonoides extraídos de macroalgas são
    os principais responsáveis pela atividade antioxidante.
    As  macroalgas  ainda  sintetizam  uma  grande  variedade  de  polissacarídeos  sulfatados  hidrossolúveis   Biotecnologia Marinha com ênfase nas macroalgas
    com predomínio de rhamnose, galactose e ácidos pirúvicos. Estes polissacarídeos são conhecidos por
    apresentarem uma gama de atividades biológicas, incluindo antivirais (HSV-1 e 2) e anticoagulantes.
    As algas sintetizam também potentes bloqueadores químicos da radiação UV para sua proteção. Em
    macroalgas marinhas estas substâncias foram denominadas de  “mycosporine-like amino ácidos” (MAA).
    As MAA podem ser encontradas em organismos marinhos em regiões que abrangem desde o polo até
    regiões tropicais. Aplicações comerciais para as MAA, tais como protetores solar e fotoestabilizadores
    de  aditivos  em  plásticos,  pinturas  e  vernizes  já  estão  sendo  testadas.  A  indústria  de  cosméticos  tem
    investido em novas formulações para protetores solares e a sua expansão é devido ao reconhecimento
    de que a exposição ao sol é a principal causa para o desenvolvimento de câncer de pele (melanoma),
    envelhecimento precoce e fotoenvelhecimento.
    Além  disso,  as  algas  sintetizam  carotenóides,  que  constituem  uma  ampla  classe  de  tetraterpenos
    insaturados  com  muitas  funções  biológicas.  Aproximadamente  600  carotenóides  já  foram  isolados  de
    fontes naturais. Os principais carotenos são licopeno e astaxantina (pigmento vermelho) e ß-caroteno
    (pigmento laranja), zeaxantina (marrom). Estes pigmentos carotenóicos detêm um mercado mundial de
    mais de 3 bilhões de dólares por ano. Os carotenóides são utilizados como corantes em alimentos e
    suplementos nutricionais. Outra categoria de substâncias sintetizadas pelas macroalgas que tem um alto
    valor de mercado são os ácidos graxos ômega. Os ômegas 3 e 6 são fundamentais para o bem estar
    humano pois são precursores de hormônios esteroides e portanto, juntos têm um mercado mundial de
    aproximadamente 2 bilhões de dólares.
    Em  biotecnologia,  para  preservar  descobertas  intelectuais,  é  fundamental  que  se  registre  e  deposite
    patentes.  Os  membros  da  REDEALGAS  têm  mais  de  duas  dezenas  de  patentes  depositadas,  o  que
    garante  uma  alta  produtividade  da  REDEALGAS  nas  descobertas  aplicadas  e  com  possibilidades  de
    gerar produtos e transferência de conhecimento para o público em geral.
    Atualmente há uma crescente demanda mundial por intermediários químicos renováveis. Os produtos
    extraídos  a  partir  de  matérias-primas  renováveis  (como  os  das  macroalgas)  são  biologicamente  mais
    efetivos e seguros na alimentação humana e animal do que os sintetizados a partir do petróleo.
    Nos países que detém know-how de tecnologias sustentáveis, protocolos de aproveitamento integral de
    biomassas (rejeito zero e mitigação de CO2) estão desenvolvidos ou em desenvolvimento para obter os
    intermediários químicos de interesse comercial.





             Informativo CEMBRA                                        Nº 14 - Edição Semestral                  28
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