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Continuação





    Outro ponto importante no contexto dos países em desenvolvimento e de economia em transição é a
    necessidade da gestão de poluentes de fontes difusas, principalmente os resíduos da agroquímica e os
    dejetos  urbanos.  O  atendimento  de  tal  necessidade  exige  mecanismos  de  participação  contínua  da
    sociedade, investimentos maciços em infraestrutura de saneamento básico e pesquisa básica de longa
    duração.                                                                                                        Matéria:
    Alguns representantes da comunidade científica têm expressado a opinião de que, no contexto político,
    há  uma  forte  tendência  à  centralização,  na  instância  da  União,  das  ações  estratégicas  para  o  setor
    ambiental, contrariamente às tendências internacionais, em que as questões ambientais são tratadas,         Poluição Marinha
    cada  vez  mais,  nos  níveis  local  e  regional,  com  a  municipalização  de  decisões  e  ações.  As
    consequências  da  centralização,  tendo  em  vista  a  dimensão  do  País  e  as  distintas  realidades
    socioeconômicas  e  ambientais  regionais,  seriam  os  resultados  pouco  efetivos,  as  dificuldades  de
    implementação  de  planos,  programas  e  projetos  em  nível  nacional,  a  descontinuidade  frequente  das
    ações, a fragmentação da informação e o desperdício e a superposição de esforços.
    É  necessário  restabelecer  uma  cultura  de  planejamento  integrado  e  participativo  que  possibilite  o
    provimento de informações qualificadas e a tomada de decisões com legitimidade política.
    O controle da poluição estuarina e marinha está intimamente ligado à gestão ambiental e ao processo de
    tomada de decisão para o gerenciamento da ZC, fazendo-se necessário o envolvimento da sociedade
    em  suas  diferentes  formas  de  organização.  A  adoção  de  instrumentos  regulatórios  –  normas  de
    procedimento,  produção,  consumo,  controle  de  resíduos  e  qualidade  de  produtos  –,  além  de
    instrumentos econômicos (taxas e incentivos), não deve ser vista de forma isolada, mas, sim, integrada
    às políticas de estímulo no contexto de uma adesão voluntária a normas e padrões de qualidade.
    Devido à diversidade de fontes de entrada e transferência de poluentes, destaca-se a complexidade dos
    estudos ambientais que exigem apoio, assim como, profundo conhecimento do ambiente estudado. Da
    mesma forma, é importante o desenvolvimento de delineamentos amostrais que possam ser aplicados
    em diferentes regiões para que comparações e medidas mitigatórias mais precisas sejam executadas
    nos  diversos  ecossistemas  aquáticos  (Barletta  et  al.,  2020).  É  imprescindível  identificar  as  principais
    fontes de poluentes, saber sob que forma eles são lançados e entender de que processos participam –
    biológicos,  químicos,  geoquímicos  e  físicos.  Os  processos  atmosféricos  de  transporte  de  poluentes
    ainda são mal compreendidos e estimados, mas não podem ser negligenciados. Avanços nas pesquisas
    sobre  fluxos  de  água  subterrânea  para  a  região  oceânica  têm  demonstrado  a  existência  dessa
    importante fonte de elementos químicos naturais para a região costeira.
    Esses problemas evidenciam o importante papel da pesquisa científico-tecnológica como fornecedora de
    informações  para  identificar  a  qualidade  ambiental,  principalmente  de  ecossistemas  costeiros  e
    marinhos, de interesse socioeconômico.
    Consequentemente,  os  órgãos  públicos  ambientais  também  precisam  da  atuação  das  forças
    operacionais do País mediante o exercício do poder de polícia, por meio do qual tentarão coibir condutas
    lesivas ao meio ambiente, contando com o suporte legal dado pela legislação ambiental e pelo apoio
    político dos tomadores de decisão para que seja alcançado o objetivo final em prol da conservação e da
    preservação  do  meio  ambiente  marinho.  Nesse  ponto  de  vista,  essas  ações  não  podem  ser
    compartimentadas, como acontece hoje. Ressalte-se, também, que as decisões devem ser centradas
    nos níveis federal e estadual, mas a colocação em prática deve ser descentralizada.
    Quanto  a  desenvolvimento,  cadastramento  e  difusão  de  alternativas  tecnológicas  que  subsidiem  a
    inserção  da  dimensão  ambiental  nas  atividades  socioeconômicas,  com  o  envolvimento  do  setor
    produtivo  e  da  comunidade  científica,  ainda  há  muito  caminho  a  percorrer.  O  Conselho  Nacional  de
    Desenvolvimento  Científico  e  Tecnológico  (CNPq)  e  outros  órgãos  similares  de  fomento  à  pesquisa
    incentivam ações nesse sentido. No entanto, esse esforço deve ser mais estimulado e financiado pelo
    governo, de forma isolada ou buscando parcerias com o setor privado.



             Informativo CEMBRA                                        Nº 14 - Edição Semestral                  24
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