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Os Sítios Arqueológicos de Naufrágios na Amazônia Azul

                                 CF (RM1-T) Ricardo dos Santos Guimarães



    No leito da Amazônia Azul, além de diversos recursos vivos e não vivos, de significativo valor
    econômico, também pode ser encontrado um notável patrimônio de valor cultural formado pelos
    vestígios  materiais  remanescentes  de  antigas  embarcações  e  navios  naufragados.  Esses
    vestígios  são  testemunhos  da  história  trágico-marítima  brasileira,  iniciada  a  partir  no  século
    XVI,  com  a  chegada  dos  europeus  e  o  incremento  da  navegação  costeira  ao  longo  da  costa.          Matéria:
    Junto  ao  seu  contexto,  no  leito  marinho,  esses  vestígios  são  classificados  como  sítios
    arqueológicos de naufrágios, compondo o Patrimônio Cultural Subaquático Brasileiro protegido
    por lei.

    Os Sítios de Naufrágios
    Os  sítios  de  naufrágios  são  formados  por  antigas  embarcações  ou  navios  naufragados  e  são
    considerados “como ‘cápsulas do tempo’, um ‘instantâneo’ de espaços socialmente estruturados
    que deixaram de existir em um determinado momento [...]” (RAMBELLI, 2002, p. 41). Conforme
    Souza  e  Amaral  (2021,  p.  330),  “os  sítios  de  naufrágios  representam  a  cultura  material  de
    diversos  povos  marítimos,  estuarinos,  ribeirinhos  ou  lacustres  expressa  na  forma  de  navios  e
    embarcações dos mais variados tipos que soçobraram ao redor do mundo”.
    Pelo  seu  significativo  potencial  de  geração  de  conhecimento,  os  sítios  de  naufrágios  são        Os Sítios Arqueológicos de Naufrágios na Amazônia Azul
    naturalmente  os  que  mais  atraem  o  interesse  dos  arqueólogos  subaquáticos.  Ao  estudá-los,
    esses  pesquisadores  contribuem  com  novos  dados  referentes  a  diversos  temas,  como
    arquitetura  e  construção  naval,  navegação,  desenvolvimento  tecnológico  de  equipamentos  e
    armamentos, a relação do homem com o meio-ambiente marítimo, aspectos como as relações
    sociais a bordo das antigas embarcações, a hierarquia, a religião, as tradições, assim como os
    costumes do homem do mar (GUIMARÃES, 2022).
    A  Amazônia  Azul  também  pode  ser  considerada  um  verdadeiro  “museu  subaquático”,  cujo
    acervo é formado por milhares de artefatos arqueológicos oriundos dos diversos tipos de sítios
    submersos, como os sambaquis, os depositários, os santuários, os terrestres submersos, assim
    como os sítios de naufrágios.
    Conforme  pesquisa  desenvolvida  pela  Diretoria  de  Patrimônio  Histórico  e  Documentação  da
    Marinha (DPHDM), existem na costa brasileira cerca de 2.012 naufrágios, ocorridos até 1950,
    considerados  de  interesse  histórico,  muito  deles  com  localização  ainda  desconhecida
    (BITTENCOURT et al., 2018; GUIMARÃES, 2022). Esses dados revelam não só o potencial da
    Amazônia Azul para realização de pesquisas no campo da ciência arqueológica, como também
    para o fomento do turismo arqueológico subaquático no Brasil.
    As intervenções irresponsáveis dos chamados “caçadores de tesouros”, ainda são uma grande
    ameaça  aos  sítios  de  naufrágios.  Esses  aventureiros  agem  sem  o  conhecimento  das
    autoridades,  mergulhando  nesses  sítios  para  recolher,  ilegalmente,  objetos  de  possível  valor
    econômico.  Essa  atividade,  além  de  ilegal,  compromete  o  contexto  dos  sítios  arqueológicos
    prejudicando sobremaneira as pesquisas científicas. Conforme o Almirante Max Justo Guedes,
    desde  1975,  a  Marinha  do  Brasil  (MB),  por  intermédio  de  suas  capitanias,  agências  e
    delegacias, colabora com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a fim
    de coibir as ações de depredação em sítios de naufrágios (GUEDES, 1994).

    As pesquisas arqueológicas em sítios de naufrágios na costa brasileira
    No Brasil, a primeira intervenção em um sítio de naufrágio, considerada de cunho arqueológico,
    ocorreu  no  sítio  do  Galeão  Sacramento,  que  naufragou  após  colidir  com  o  Banco  de  Santo
    Antônio, em 1668,na costa baiana.



             Informativo CEMBRA                                        Nº 14 - Edição Semestral                  33
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