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Continuação
As rápidas mudanças ambientais descritas recentemente nos polos, deixam marcas em outras regiões
do planeta como resultado claro da importância e da conectividade do Oceano Austral com outras partes
do globo. As evidências mais contundentes são os registros de extensão do gelo marinho que em 2023
foram os menores registrados nos últimos anos; alterações nas frequências da variabilidade interanual
do gelo marinho e das temperaturas oceânicas com consequentes alterações nas temperaturas das Matéria:
águas do Oceano Atlântico; e a ocorrência de ondas de calor marinhas e atmosféricas por exemplo.
Devido à dimensão e à diversidade dos aspectos envolvidos nas mudanças climáticas são necessárias
observações sistemáticas, padronizadas e sustentáveis dos oceanos baseadas em séries temporais de
longa duração com cooperação e coordenação regional e internacional para uma melhor compreensão
do papel dos oceanos no clima. A Comissão Oceanográfica Internacional (COI) da UNESCO executa o
programa Sistema Global de Observação dos Oceanos (GOOS) que postula o monitoramento de
Variáveis Essenciais Oceânicas através do uso de padrões globais obedecendo as melhores práticas
(“Best Practices”) de coleta de dados, bem como a disponibilização destes dados e informações de Os oceanos e as mudanças climáticas
maneira aberta através da adoção do modo FAIR (Facilmente encontrado, Acessível, Interoperacional e
Reutilizável). O GOOS Brasil coordena estas atividades no Brasil.
Ações são necessárias para enfrentar a urgência climática e há necessidade de tornar os oceanos e as
zonas costeiras parte integral da política de mudanças do clima, de forma que as atividades
relacionadas a este tema possam contribuir significativamente nos processos de adaptação e mitigação.
Deve haver um apoio intensivo a programas nacionais de pesquisa oceanográfica no escopo da Rede
Clima, bem como a participação de pesquisadores brasileiros em programas internacionais voltados
para mudanças climáticas. Importante promover a atualização e a qualificação de pesquisadores e
grupos de pesquisa universitários nas Ciências do Mar e Meteorológicas integradas ao estudo das
mudanças do clima, e o apoio a projetos de pesquisa e a formação de recursos humanos em áreas
voltadas aos riscos ecossistêmicos das mudanças do clima de maneira sustentável a médio e longo
prazo. O Brasil deve implementar um sistema integrado de observação sustentável dos oceanos e de
gestão de dados para o mar brasileiro através do recém criado Instituto Nacional para a Pesquisa
Oceanográfica (INPO). Com estas ações, o Brasil tem condições de assumir a liderança regional em seu
papel no estudo das mudanças climáticas e tornar-se um ator importante em atividades como o Living
Action Plan – Ocean Observation 2019 e a Década da Ciência Oceânica.
Figura 1. Resumo esquemático dos impactos e consequências resultantes de mudanças do clima (aquecimento, acidificação, tormentas e desoxigenação)
e outros impactos antrópicos em recifes de corais, oceanos polares e pesca. Figura adaptada do FAQ5.1 de Bindoff et al. 2019. Traduzido pelos autores.
Informativo CEMBRA Nº 14 - Edição Semestral 31