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POLUIÇÃO MARINHA

                                         Professor Dr. Mario Barletta


    Poluição  marinha  é  a  introdução  antrópica,  direta  ou  indireta,  de  substâncias  ou  energia  no
    meio  marinho  e  nos  estuários,  sempre  que  provoquem  ou  possam  vir  a  provocar  efeitos
    nocivos.  Entre  esses  efeitos,  destacam-se:  os  danos  aos  recursos  vivos,  à  vida  marinha  e  à
    saúde humana; os entraves às atividades marítimas, incluindo a pesca e as outras utilizações
    legítimas do mar; as alterações da boa qualidade da água do mar no que se refere à utilização                   Matéria:
    e à deterioração dos locais de recreio. Portanto, poluição tem um conceito mais amplo do que
    contaminação do ambiente aquático, que é a alteração de sua qualidade causada diretamente
    pela  adição  de  uma  determinada  substância,  provocando  mudanças  em  sua  composição                  Poluição Marinha
    normal,  bem  como  na  estrutura  e  no  funcionamento  das  comunidades  que  nele  vivem.  Os
    impactos  da  poluição  variam  em  tempo,  intensidade  e  lugar.  Entre  essas,  destacam-se:
    efluentes  domésticos  e  industriais;  acidentes  marítimos,  como  derrames  e  explosões;
    operações  de  descarga  no  mar;  exploração  mineira;  nutrientes  e  pesticidas  oriundos  das
    atividades  agrícolas;  fontes  de  calor  desperdiçadas;  sedimento  remobilizado;  transporte
    atmosférico; e cargas radioativas.
    O  aumento  da  poluição  e  o  desenvolvimento  costeiro  desordenado  têm  contribuído  para  a
    perda  de  habitats  e  por  consequência  de  sua  biodiversidade  e  o  declínio  de  serviços
    ambientais. O aumento dos níveis atmosféricos de dióxido de carbono (CO2), um gás do efeito
    estufa,  está  prejudicando  aspectos  fundamentais  de  muitos  ecossistemas  marinhos  por  meio
    da acidificação dos oceanos. Os efeitos da poluição marinha são notadamente observados na
    ZC, em função da proximidade de diversas fontes contaminantes, embora também ocorram na
    zona oceânica.
    A  água  poluída  é  um  veículo  direto  de  contaminantes  causadores  de  doenças  graves  de
    caráter epidêmico, envolvendo, assim, um aspecto sanitário.
    Segundo o Capítulo 17 da Agenda 21, elaborada em 1992 na Conferência das Nações Unidas
    para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, estão definidos os contaminantes e as fontes de
    contaminação,  além  de  outras  formas  de  degradação  do  ambiente  marinho  provenientes  das
    bacias hidrográficas (MESTRES et al., 2006).
    Além dos contaminantes listados na Agenda 21 (ONU), também são motivos de preocupação a
    poluição  sonora  marinha  e,  principalmente,  o  lixo  marinho.  O  uso  crescente  de  produtos
    descartáveis, a disposição descontrolada de lixo e a má gestão de resíduos e de práticas de
    reciclagem são o principal motivo para o acúmulo de lixo no mar.
    Nessa última categoria, estudos recentes mostram que os macros- e os microplásticos podem
    ser  considerados  como  um  dos  principais  problemas  a  afligir  a  biota  marinha,  pois,  além  de
    causarem  efeitos  físicos,  também  podem  adsorver  contaminantes  como  mercúrio,  dioxinas,
    etc.  (Costa;  Barletta,  2015).  A  poluição  por  microplásticos  (MPs)  é  um  problema  global,  pois
    está presente mesmo em regiões costeiras remotas e intocadas. MPs são plásticos de origem
    primária e secundária com diâmetros de cinco milímetros ou menos que estão livres na coluna
    de  água  ou  misturados  em  sedimentos.  Desde  o  início  dos  anos  1970,  tem-se  conhecimento
    de que os MPs poluem os ambientes marinhos. Recentemente, a preocupação vem crescendo
    à  medida  que  aumentam  as  quantidades  de  MPs  detectados  nos  oceanos  e  que  é  revelado
    pelo  desenvolvimento  de  processos  inéditos  envolvendo  esse  poluente  no  mar.  Ambientes
    marinhos costeiros localizados na porção ocidental tropical e subtropical do Oceano Atlântico
    estão  contaminados  com  microplásticos  em  diferentes  quantidades  e  de  uma  variedade  de
    tipos (Figura 1).





             Informativo CEMBRA                                        Nº 14 - Edição Semestral                  20
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