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Continuação
Embora seja impossível produzir sem causar impactos, o grau desses impactos irá depender das
espécies criadas, da densidade de estocagem, do tamanho da fazenda, do tipo e intensidade da
alimentação, da hidrografia e conformação do local, e dos métodos de criação.
Uma estratégia para minimizar esses impactos é integrar a criação de espécies “alimentadas”, como
peixes carnívoros e camarões, com outras capazes de absorver compostos inorgânicos diretamente da
água (micro e macroalgas) ou que se alimentem do material em suspensão (moluscos) ou, ainda, os Matéria:
depositados no fundo (peixes, crustáceos e pepinos do mar). A adoção de sistemas integrados de
produção, conhecida como aquicultura multitrófica integrada, pode contribuir para a sustentabilidade da
maricultura por meio de benefícios ambientais, econômicos e sociais, principalmente pela reciclagem de
nutrientes e resíduos das espécies de alto nível trófico para a produção de espécies de níveis tróficos
inferiores, criando, dessa forma, novas oportunidades de produção.
Apesar das ótimas condições para o desenvolvimento da maricultura que o Brasil apresenta, para que
esse potencial possa se expressar plenamente há a necessidade de se adotar, cada vez mais, práticas
sustentáveis, como, por exemplo, a opção pela criação de espécies de base da cadeia trófica (algas,
pepinos do mar, moluscos, e peixes/camarões onívoros). Também importante considerar que esse
potencial só será alcançado com a estruturação das cadeias produtivas e a consolidação dos mercados.
Faz-se igualmente necessário avançar na desburocratização da atividade, no acesso ao crédito, no
investimento em capacitação técnica, e no desenvolvimento de equipamentos, serviços e produtos
nacionais. Além disso, a adoção e a aplicação de medidas regulatórias de proteção aos ecossistemas Maricultura: o presente e o futuro da produção de pescado
costeiros devem ser uma preocupação não somente do poder público, mas também dos produtores e
consumidores. Respeitados esses preceitos, o Brasil passará a contar com uma fonte inesgotável de
empregos, renda e alimentos de primeira qualidade.
Referências:
FAO (Food and Aquaculture Organization of the United Nations). 2022. The State of World Fisheries and
Aquaculture 2022. Towards blue transformation. FAO, Roma, Itália.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografa e Estatística). 2023. Pesquisa da Pecuária Municipal 2019, 2020 e
2021. https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3940#resultado Acesso em: 14 ago. 2023.
Valenti, W.C.; Barros, H.P.; Moraes-Valenti, P.; Bueno, G.W.; Cavalli, R.O. 2021. Aquaculture in Brazil:
past, present and future. Aquaculture Reports, v. 19, 100611.
Informativo CEMBRA Nº 14 - Edição Semestral 15