Page 18 - Informativo Cembra - Novembro 2023 - Nº 12
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A Década da Ciência Oceânica para o
                                                 Desenvolvimento Sustentável






                                        Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SeCirm)

    Quando a Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 5 de dezembro de 2017, declarou que seria                   Matéria:
    instituída  de  2021  a  2030  a  Década  da  Ciência  Oceânica  para  o  Desenvolvimento  Sustentável  (ou
    Década do Oceano), já havia naquele momento uma percepção universal de que o oceano deveria se
    tornar  protagonista  na  agenda  global,  por  uma  série  de  razões  já  devidamente  mapeadas  por
    documentos de alto nível, como por exemplo a Primeira Avaliação Global do Oceano.
    Cobrindo mais de 70% do planeta, o oceano: desempenha papel essencial, por meio de sua absorção de
    calor e carbono, na mitigação dos impactos relativos às mudanças climáticas, o que por si só torna o
    funcionamento saudável dos ecossistemas oceânicos crucial para existência de todos os seres vivos no
    planeta;  apoia  os  meios  de  subsistência  de  mais  de  3  bilhões  de  pessoas,  provendo  segurança
    alimentar;  possui  todo  um  potencial  relacionado  aos  serviços  emergentes,  como  fontes  de  energia
    renováveis, recursos genéticos, recursos minerais de águas profundas; oferece rico e variado significado
    cultural, estético, de bem-estar e lazer para as populações ligadas direta ou indiretamente aos ambientes
    marinhos e costeiros; e impulsiona uma economia que movimenta diversos setores, gerando mais de 30
    milhões de empregos em tempo integral e com previsão de atingir uma produção anual de US$ 3 trilhões
    até 2030, em uma avaliação anterior à pandemia da COVID-19.
     Ao mesmo tempo em que se destaca a centralidade da importância do oceano para a vida na Terra,
    verifica-se  sua  fragilidade.  Seus  complexos  ecossistemas  estão  enfrentando  graves  ameaças          A Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável
    decorrentes da acidificação, do aquecimento, do declínio dos níveis de oxigênio, da elevação do nível do
    mar, da poluição e da perda de biodiversidade. E assim configura-se um cenário de urgência na busca
    de  soluções  transformadoras  para  os  desafios  atuais  enfrentados  pelo  oceano,  antevendo  desafios
    futuros. É nesse momento que o paradigma do “oceano que temos” sai de cena e é substituído pelo
    “oceano que queremos”.
     No enfrentamento dos desafios, espera-se que exista uma gama de soluções que possam variar em
    forma e escala, de modo a responder a diferentes contextos e dimensões de problemas. As soluções
    precisam ter um caráter flexível e adaptativo para responder às mudanças climáticas e serem orientadas
    às tomadas de decisão, às estruturas de gestão e aos modelos de governança, além de serem capazes
    de assimilar inovações tecnológicas. Entende-se que as soluções devam ser baseadas em uma ciência
    oceânica sólida, em seu sentido mais amplo: abrangendo as disciplinas de ciências naturais e sociais e
    tópicos interdisciplinares; respeitando e incluindo o conhecimento tradicional; englobando toda a parte
    tecnológica  e  de  infraestrutura;  incorporando  as  interações  terra-mar,  oceano-atmosfera  e  oceano-
    criosfera; e incluindo aplicações e interfaces entre dimensões, como, por exemplo, nas áreas política e
    de inovação. E assim surge a ideia da “ciência que precisamos para o oceano que queremos”.
      A  Década  do  Oceano  pressupõe  a  implementação  de  um  plano  global  elaborado  pela  Comissão
    Oceanográfica  Intergovernamental  (COI)  da  Organização  das  Nações  Unidas  para  a  Educação,  a
    Ciência e a Cultura (do inglês, UNESCO) e adaptado para as realidades regionais e locais, contendo
    etapas previstas para atingir os resultados esperados, de modo a dar o suporte à implementação da
    Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS-14 -
    Vida na Água, que trata de "Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
    marinhos para o desenvolvimento sustentável”. A sua missão, com foco em soluções transformadoras,
    visa  primordialmente  ao  desenvolvimento  sustentável,  mas  igualmente  estabelecer  uma  conexão  das
    pessoas com o oceano. O ODS-14 contempla 10 metas, das quais as sete primeiras são relacionadas a
    resultados; as três últimas (aumento do conhecimento, pesquisa e tecnologia voltados para a saúde do
    oceano; apoio à pesca artesanal; e implementação e fortalecimento da lei internacional do mar) referem-
    se a formas de serem implementadas as sete primeiras.

             Informativo CEMBRA                                        Nº 12 - Edição Semestral                  18
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