Page 14 - Informativo Cembra - Novembro 2023 - Nº 12
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Continuação



     Outro perigo pouco conhecido, mas que é considerado atualmente como uma das maiores ameaças à
     vida marinha, é a pesca fantasma, caracterizada pelo aprisionamento da fauna marinha por material
     de  pesca  descartado  irregularmente.  Tais  petrechos  (redes,  linhas,  anzóis  e  outras  armadilhas),
     quando descartados no mar, continuam a enredar e aprisionar animais, causando-lhes sufocamento,
     mutilação, laceração e morte. De acordo com o relatório “Maré Fantasma – Situação atual, desafios e
     soluções  para  a  pesca  fantasma  no  Brasil”,  conduzido  pela  Organização  Proteção  Animal  Mundial,     Matéria:
     estima-se que, só no Brasil, diversos animais marinhos sejam afetados pela pesca fantasma, como
     baleias, tartarugas marinhas, tubarões, crustáceos, aves marinhas, dentre outros. Além do sofrimento
     animal, a pesca fantasma afeta os ecossistemas marinhos ao quebrar os recifes de corais, aprisionar        Um oceano limpo
     sedimentos, impedir o acesso da fauna a certos habitats e servir como substrato para dispersão de
     espécies exóticas.






















     Figura 1: Tartaruga marinha vítima de ingestão de   Figura 2: Tartaruga marinha vítima de pesca fantasma.
           plástico. Foto: Projeto Tamar (2018)                Foto: Line Jordi Chias/Arquivo Pessoal.


     O lixo que chega aos mares também causa prejuízos à segurança da navegação, uma vez que pode
     causar  avarias  nos  hélices  e  linhas  de  eixo  dos  navios,  provocar  obstruções  nas  aspirações  dos
     sistemas de resfriamento das embarcações, perda de propulsão, perda de geração de energia, risco
     de encalhe, de colisão e abalroamento. Além disso, gera ônus econômico por meio da potencial perda
     de receita com atividades de turismo, de lazer e recreação.
     Diante  de  tantas  ameaças  à  saúde  do  oceano,  em  setembro  de  2015,  a  Organização  das  Nações
     Unidas (ONU) propôs aos seus países membros uma agenda de desenvolvimento sustentável para os
     próximos  15  anos,  a  Agenda  2030.  Composta  por  17  Objetivos  de  Desenvolvimento  Sustentável
     (ODS), podemos destacar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 - Vida na água, que visa a
     conservação e o uso, de forma sustentável, dos oceanos, mares e os recursos marinhos, e tem como
     uma de suas metas, a ser alcançada até 2025, a de prevenir e reduzir significativamente a poluição
     marinha de todos os tipos, especialmente a advinda de atividades terrestres.
      No âmbito nacional, em 2019 o Ministério do Meio Ambiente lançou o Plano Nacional de Combate ao
     Lixo no Mar, que possui dentre os seus objetivos o de reduzir a quantidade de lixo lançado ao mar e os
     seus impactos, originado de fontes terrestres e marítimas, incluindo resíduos sólidos, cargas perdidas,
     artefatos de pesca acidentalmente perdidos ou deliberadamente descartados no mar.
     Em 13 de julho de 2022, o Brasil, a União Europeia e outros seis países que compartilham as águas
     do Oceano Atlântico - África do Sul, Argentina, Cabo Verde, Canadá, Estados Unidos e Marrocos -
     assinaram,  em  Washington  (EUA),  a  Declaração  de  Todo  o  Atlântico,  que  pretende  estimular  a
     integração de atividades de pesquisa, de desenvolvimento e de inovação realizadas entre as nações
     signatárias.  A  ideia  do  acordo  é  impedir  o  avanço  da  depredação  causada  pelo  uso  exaustivo  dos
     recursos naturais e pela poluição — sobretudo a provocada pelo plástico.




             Informativo CEMBRA                                        Nº 12 - Edição Semestral                  14
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