Page 23 - Informativo Cembra - Novembro 2023 - Nº 12
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A Universidade Federal Fluminense e a
Década do Oceano
Abilio Soares Gomes (UFF)
Arthur Ayres Neto (UFF)
Antonio Claudio Lucas da Nóbrega (UFF)
O corpo humano contém cerca de 70% de água, proporção semelhante à superfície da terra coberta
por água, grande parte da qual representada pelos oceanos. Essa correlação ou “integração” recebe
muita atenção da comunidade científica, pois nos define e nos aponta caminhos estratégicos. Matéria:
A Universidade Federal Fluminense (UFF) possui diversos setores engajados no desenvolvimento de
pesquisas e ensino em Ciências do Mar, o que a capacita a contribuir enormemente com a “A ciência
que necessitamos para o oceano que queremos”. Destacam-se, na universidade, os departamentos de
Biologia Marinha, Geologia e Geofísica, e Geoquímica, cujos docentes e discentes estão envolvidos em
projetos relacionados às diferentes temáticas das ciências marinhas. Além dos cursos de graduação
relacionados à formação de profissionais em Ciências do Mar, a UFF é sede de programas de pós-
graduação nesta temática, como Biologia Marinha e Ambientes Costeiros, Biotecnologia Marinha,
Dinâmica dos Oceanos e da Terra e Geoquímica Ambiental, tendo formado um sem número de
mestres e doutores que atuam na iniciativa privada, no terceiro setor e em órgãos governamentais,
tanto no Brasil quanto no exterior.
Deste modo, a UFF vem contribuindo a longo tempo com as metas da atual “Década do Oceano”.
Sobre a temática “Um oceano limpo” e “Um oceano saudável e resiliente”, a universidade sempre atuou
em estudos de contaminação dos oceanos, tendo reunido, por exemplo, um conjunto de publicações A Universidade Federal Fluminense e a Década do Oceano
sobre a Baía de Guanabara- uma das baías mais antropizadas do País - que permite um conhecimento
bastante sólido dos padrões e processos da contaminação ambiental da baía. Esses conhecimentos
foram reunidos na obra “Baía de Guanabara: um ambiente em transformação”, organizada por
docentes da universidade. Este corpo de conhecimentos sobre a Baía de Guanabara e outros
ecossistemas são fundamentais para a busca de soluções para os problemas ambientais da zona
costeira e dos oceanos em geral, bem como para orientar políticas públicas relacionadas ao
gerenciamento costeiro.
A UFF também tem contribuído significativamente para o tema “Um oceano sustentável e produtivo”
através de seus estudos sobre a dinâmica dos estoques pesqueiros, tanto a nível local quanto nacional,
contribuindo desta forma para apoiar a meta de abastecimento alimentar e economia oceânica
sustentável. Ainda nesta temática, a UFF é pioneira nos estudos de produtos naturais marinhos, com
contribuições relevantes para a obtenção de fármacos a partir de organismos marinhos.
A comunidade de ciências do mar da UFF também tem sido bem ativa na produção de material didático
e na divulgação científica sobre os oceanos, contribuindo de modo significativo para a disseminação da
“Cultura Oceânica”, tendo sido pioneira na publicação de livros didáticos versando sobre Biologia
Marinha, Ecologia Marinha, Genética Marinha, Pesca e Sustentabilidade, Geologia Marinha e
Oceanografia Química. O lançamento da obra Ecologia Marinha foi um dos eventos pioneiros das
atividades da Década dos Oceanos no Brasil, tendo alcançado um grande público na ocasião. Algumas
dessas publicações têm sido amplamente adotadas como obras de referência em cursos de graduação
e de pós-graduação, em processos seletivos de concursos públicos há mais de três décadas, ajudando
a disseminar o conhecimento sobre os oceanos e auxiliando gestores públicos, contribuindo para “Um
oceano inspirador e envolvente”.
Nos temas “Um oceano Previsível” e “Um oceano Seguro”, a UFF tem se destacado em trabalhos que
envolvem gerenciamento de riscos costeiros, modelagens oceânicas, avaliação do potencial mineral,
além de pesquisas na margem continental com o intuito de, conhecendo melhor a margem, dar suporte
à Marinha do Brasil nos pleitos junto a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM)
para delimitação do limite exterior da ZEE brasileira, de forma a resguardar os interesses nacionais.
Informativo CEMBRA Nº 12 - Edição Semestral 23