Page 13 - Informativo Cembra - Novembro 2023 - Nº 12
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Um oceano limpo
Jessyca de Siqueira Rezende¹ (DPC)
Carmen Josefa Miguelez Rodriguez ² (DPC)
¹1T(T) Jessyca Rezende. Atua na Superintendência de Meio Ambiente da Diretoria de Portos e Costas - MB.
Bióloga, Mestre em Zoologia pelo Museu Nacional/UFRJ e Especialista em Gestão Executiva em Meio Ambiente
pela Coope/UFRJ. jessyca.rezende@marinha.mil.br Matéria:
²CMG (RM1-T) Carmen. Chefe do Departamento de Meio Ambiente para Marinha Mercante na Superintendência
de Meio Ambiente da Diretoria de Portos e Costas - MB. Engenheira Civil (UERJ), Mestre em Engenharia Um oceano limpo
Ambiental pela UERJ (2008). Especialista em Gestão e Educação Ambiental pela UCAM (2005) e, em
Engenharia Sanitária e Ambiental pela UERJ (1998). carmen.rodriguez@marinha.mil.br
Ao longo de toda sua história, a humanidade sempre manteve estreita relação com os mares, rios e
lagos, extraindo do ambiente marinho importantes recursos alimentares e utilizando os oceanos como
via de comunicação de um ponto a outro do globo. Entretanto, com o passar do tempo, observa-se na
humanidade um incremento na consciência e no conhecimento quanto à importância dos oceanos
para a manutenção da vida na Terra. O oceano que nos cerca é, na verdade, responsável por
influenciar o clima e as condições meteorológicas no planeta, abrigar imensa diversidade de espécies
e ser a maior fonte de oxigênio de que dispomos. Além disso, os oceanos desempenham um papel
importante na economia global, por meio da exploração de recursos minerais, do turismo, da atividade
pesqueira que é fonte de recursos alimentares para grande parcela da população mundial, e, também,
como via de transporte para mais de 80% do comércio mundial (ONU News, 2020).
Apesar de sua singular importância, o oceano tem sido constantemente ameaçado por atividades
antrópicas como, por exemplo, a sobrepesca, a poluição marinha, ações que levam à destruição dos
habitats marinhos, dentre outros. Como consequência destas ameaças, tem-se a perda de diversos
benefícios promovidos pelos oceanos à sociedade, impactando a qualidade da vida humana.
A poluição marinha, por exemplo, principalmente por resíduos sólidos, tem se tornado motivo de
preocupação em todo o mundo, pois representa uma das maiores ameaças à manutenção de um
oceano limpo e saudável. Quanto aos efeitos da poluição na biota marinha, os resíduos sólidos podem
gerar danos devido ao enredamento, ingestão e, ainda, por atuarem como meio de propagação de
organismos incrustantes que, por exemplo, ao aderirem a resíduos sólidos flutuantes, podem ser
levados pelas correntes a ecossistemas onde tais organismos não ocorreriam naturalmente, levando a
um problema chamado “bioinvasão”. O plástico, um dos principais componentes do lixo marinho, ao
longo de sua decomposição é transformado em fragmentos menores, originando os microplásticos. Há
registros de ingestão de partículas plásticas em diversos grupos de animais marinhos, desde
pequenos invertebrados, como zooplânctons, a grandes baleias e tubarões. Tais fragmentos liberam
substâncias químicas com potencial efeito adverso à saúde desses animais. Já os efeitos prejudiciais
à saúde humana, podem ocorrer pelo consumo de recursos marinhos contaminados por plástico, tema
de amplo debate na comunidade científica mundial.
Em 2020, a organização sem fins lucrativos Oceana apresentou o estudo “Um Oceano Livre de
Plástico: Desafios para Reduzir a Poluição Marinha no Brasil”. Segundo o levantamento, somente no
Brasil são produzidos 2,95 milhões de toneladas/ano de plástico de uso único, ou seja, produtos que
não são concebidos ou colocados no mercado para reaproveitamento. Isso faz desse material uma
das maiores ameaças ao meio ambiente. Estimativas apontam que no Brasil se despeja cerca de 325
mil toneladas de plástico no mar por ano. E pelo menos 70% dos resíduos encontrados nas praias do
nosso país são polímeros, principalmente embalagens — sobretudo bolsas de supermercado e
garrafas PET (Polietileno Tereftalato).
Informativo CEMBRA Nº 12 - Edição Semestral 13