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Um oceano limpo




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                                                                   Carmen Josefa Miguelez Rodriguez ² (DPC)



      ¹1T(T) Jessyca Rezende. Atua na Superintendência de Meio Ambiente da Diretoria de Portos e Costas - MB.
      Bióloga, Mestre em Zoologia pelo Museu Nacional/UFRJ e Especialista em Gestão Executiva em Meio Ambiente
      pela Coope/UFRJ. jessyca.rezende@marinha.mil.br                                                               Matéria:
      ²CMG (RM1-T) Carmen. Chefe do Departamento de Meio Ambiente para Marinha Mercante na Superintendência
      de Meio Ambiente da Diretoria de Portos e Costas - MB. Engenheira Civil (UERJ), Mestre em Engenharia      Um oceano limpo
      Ambiental pela UERJ (2008). Especialista em Gestão e Educação Ambiental pela UCAM (2005) e, em
      Engenharia Sanitária e Ambiental pela UERJ (1998). carmen.rodriguez@marinha.mil.br


      Ao longo de toda sua história, a humanidade sempre manteve estreita relação com os mares, rios e
      lagos, extraindo do ambiente marinho importantes recursos alimentares e utilizando os oceanos como
      via de comunicação de um ponto a outro do globo. Entretanto, com o passar do tempo, observa-se na
      humanidade  um  incremento  na  consciência  e  no  conhecimento  quanto  à  importância  dos  oceanos
      para  a  manutenção  da  vida  na  Terra.  O  oceano  que  nos  cerca  é,  na  verdade,  responsável  por
      influenciar o clima e as condições meteorológicas no planeta, abrigar imensa diversidade de espécies
      e ser a maior fonte de oxigênio de que dispomos. Além disso, os oceanos desempenham um papel
      importante na economia global, por meio da exploração de recursos minerais, do turismo, da atividade
      pesqueira que é fonte de recursos alimentares para grande parcela da população mundial, e, também,
      como via de transporte para mais de 80% do comércio mundial (ONU News, 2020).
      Apesar  de  sua  singular  importância,  o  oceano  tem  sido  constantemente  ameaçado  por  atividades
      antrópicas como, por exemplo, a sobrepesca, a poluição marinha, ações que levam à destruição dos
      habitats marinhos, dentre outros. Como consequência destas ameaças, tem-se a perda de diversos
      benefícios promovidos pelos oceanos à sociedade, impactando a qualidade da vida humana.
      A  poluição  marinha,  por  exemplo,  principalmente  por  resíduos  sólidos,  tem  se  tornado  motivo  de
      preocupação  em  todo  o  mundo,  pois  representa  uma  das  maiores  ameaças  à  manutenção  de  um
      oceano limpo e saudável. Quanto aos efeitos da poluição na biota marinha, os resíduos sólidos podem
      gerar danos devido ao enredamento, ingestão e, ainda, por atuarem como meio de propagação de
      organismos  incrustantes  que,  por  exemplo,  ao  aderirem  a  resíduos  sólidos  flutuantes,  podem  ser
      levados pelas correntes a ecossistemas onde tais organismos não ocorreriam naturalmente, levando a
      um problema chamado “bioinvasão”. O plástico, um dos principais componentes do lixo marinho, ao
      longo de sua decomposição é transformado em fragmentos menores, originando os microplásticos. Há
      registros  de  ingestão  de  partículas  plásticas  em  diversos  grupos  de  animais  marinhos,  desde
      pequenos invertebrados, como zooplânctons, a grandes baleias e tubarões. Tais fragmentos liberam
      substâncias químicas com potencial efeito adverso à saúde desses animais. Já os efeitos prejudiciais
      à saúde humana, podem ocorrer pelo consumo de recursos marinhos contaminados por plástico, tema
      de amplo debate na comunidade científica mundial.
      Em  2020,  a  organização  sem  fins  lucrativos  Oceana  apresentou  o  estudo  “Um  Oceano  Livre  de
      Plástico: Desafios para Reduzir a Poluição Marinha no Brasil”. Segundo o levantamento, somente no
      Brasil são produzidos 2,95 milhões de toneladas/ano de plástico de uso único, ou seja, produtos que
      não são concebidos ou colocados no mercado para reaproveitamento. Isso faz desse material uma
      das maiores ameaças ao meio ambiente. Estimativas apontam que no Brasil se despeja cerca de 325
      mil toneladas de plástico no mar por ano. E pelo menos 70% dos resíduos encontrados nas praias do
      nosso  país  são  polímeros,  principalmente  embalagens  —  sobretudo  bolsas  de  supermercado  e
      garrafas PET (Polietileno Tereftalato).





             Informativo CEMBRA                                        Nº 12 - Edição Semestral                  13
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