Page 12 - Informativo Cembra - Outubro 2025 - Nº 18
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Nesse  novo  paradigma,  o  oceano  desponta como protagonista  fundamental  do
            desenvolvimento sustentável. Por cobrir mais de 70% da superfície terrestre, ele exerce um
            papel central na regulação do clima, provê alimentos, energia, transporte, biodiversidade
            e  serviços  ecossistêmicos  essenciais  para  bilhões  de  pessoas.  Sua  importância  cresce
            diante  dos  desafios  impostos  pela  crise  climática,  segurança  alimentar  e  necessidade
            de inovação tecnológica. Portanto, adotar uma visão sistêmica da relação entre mares,
            economia, sociedade e meio ambiente, promovendo políticas integradas, torna-se
            imperativo para responder aos novos tempos.

            A economia azul surge, nesse contexto, como um conceito estratégico. Diferentemente
            do tradicional uso exploratório dos mares e oceano, ela preconiza o uso sustentável dos
            recursos marinhos, promovendo crescimento econômico, inclusão social e conservação
            ambiental simultaneamente. Para países em desenvolvimento, a economia azul representa
            não apenas uma fonte de riqueza, mas também de autonomia, combate à pobreza, geração
            de empregos decentes e incentivo à inovação (especialmente quando incorpora valores
            locais, gestão participativa e valorização da biodiversidade marinha).


            Para o Brasil, a agenda da economia azul se torna ainda mais relevante a partir do conceito
            de “Amazônia Azul”. Esse termo, criado há mais de 20 anos, faz referência à vasta área
            marítima sob jurisdição nacional, e faz alusão à extensão e riqueza da Amazônia Verde
            (Legal). A Amazônia Azul é rica em petróleo, gás, minerais, pescado e biodiversidade, além
            de abrigar rotas de navegação, portos estratégicos e zonas de turismo. Assim como a
            Floresta Amazônica, o mar brasileiro precisa ser visto como patrimônio vital a ser gerido
            de forma soberana e sustentável.


            O conjunto de oportunidades é vasto. O avanço da chamada cultura oceânica, fortalecida
            por  iniciativas  de  divulgação  científica  e  educação,  revela  a  importância  do  mar  para
            diferentes setores, do lazer à indústria de base tecnológica. O atual desenvolvimento do
            Planejamento Espacial Marinho (PEM), aliado ao papel do BNDES no financiamento de
            projetos inovadores e sustentáveis, oferece bases institucionais para transformar potencial
            em  desenvolvimento  concreto.  Destacam-se  também  programas  de  ensino  superior  e
            pesquisa, como cursos voltados à economia azul, festivais científicos e parcerias entre
            universidades, setor produtivo e órgãos de governo. Tais ações estimulam o surgimento
            de  startups,  novos  negócios  em  biotecnologia  marinha,  e  a  modernização  da  pesca  e
            aquicultura, trazendo ganhos econômicos e ambientais.


            No entanto, os desafios não são triviais: escassez de dados, falta de infraestrutura costeira
            e marítima, baixa inovação na pesca, deficiências de governança, escassez de investimento
            privado e vulnerabilidade à poluição e às mudanças climáticas persistem como gargalos.
            Para superá-los, o Brasil precisa investir em capacitação, fortalecer normas e instituições,
            aprimorar a gestão integrada costeira e marinha, incentivar a pesquisa de ponta e ampliar
            o  diálogo  entre  setor  público,  privado  e  sociedade  civil.  Soluções  como  maricultura
            sustentável, energias renováveis offshore, combate à pesca ilegal e educação ambiental
            de base são caminhos promissores para colocar o mar, definitivamente, como vetor do
            desenvolvimento sustentável nacional.

















        12                             Centro de Excelência para o Mar Brasileiro - Informativo Cembra
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