Page 15 - Informativo Cembra - Outubro 2025 - Nº 18
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Tanto o PROASA quanto o PROFOCAZ compartilham um eixo comum: a centralidade dos dados
e da observação direta no mar. A criação de um Grupo de Trabalho de Banco de Dados dentro do
PROASA responde a uma lacuna crítica: a fragmentação, escassez e baixa interoperabilidade dos
dados primários coletados. Sem dados robustos, atualizados e abertos, é impossível conhecer em
detalhe o fundo oceânico, modelar cenários climáticos, compreender fl uxos biogeoquímicos ou
formular políticas públicas efi cazes.
Por isso, a relevância de criar uma infraestrutura nacional integrada de dados que, em articulação
com o Banco Nacional de Dados Oceanográfi cos (BNDO), o “Ocean Biodiversity Information System”
(OBIS), o “Southern Ocean Observing System” (SOOS) e a “All-Atlantic Ocean Research Alliance”
(AAORIA), é uma ação científi ca com implicações geopolíticas. O Brasil precisa ser não apenas
usuário, mas também produtor e curador de dados oceânicos de referência.
Além disso, a escolha do Brasil como sede da próxima grande conferência global da Década do
Oceano, em 2027, no Rio de Janeiro, oferece uma oportunidade rara de protagonismo internacional.
Será o momento de apresentar ao mundo os avanços concretos de programas como o PROASA e o
PROFOCAZ, bem como de reafi rmar o compromisso do País com a sustentabilidade, a diplomacia
científi ca e o fortalecimento das capacidades nacionais.
Para isso, o Brasil deve adotar um conjunto articulado de compromissos estruturantes: criar
áreas marinhas protegidas com base em dados científi cos; lançar um fundo nacional para ciência
oceânica; e propor a criação de uma Aliança Sul-Atlântica pela Ciência Oceânica, com sede no
Brasil. Também é essencial alinhar os programas PROASA e PROFOCAZ às redes internacionais
de dados, ampliando seu escopo para incluir biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Por fi m,
é urgente engajar a sociedade e ampliar a participação do Brasil nas coalizões científi cas globais,
promovendo eventos preparatórios, consultas regionais e a presença ativa de pesquisadores nos
grupos da Década.
A Década do Oceano pode e deve servir a todos. Mas para isso, a ciência precisa ser o motor da
inclusão e da liderança. O Brasil tem todas as condições para ocupar um papel central nesse esforço
— e o momento de consolidar esse protagonismo é agora.
Centro de Excelência para o Mar Brasileiro - Informativo Cembra 15

