Page 14 - Informativo Cembra - Outubro 2025 - Nº 18
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Entretanto, isso não signifi ca que o Brasil esteja à margem. Ao contrário, o País possui uma das
           maiores zonas econômicas exclusivas do planeta, um litoral extenso e estratégico, maior PIB de
           toda área do Atlântico Sul, presença científi ca ativa na Antártica e uma crescente capacidade de
           articulação  regional  e  internacional.  A  participação  brasileira  na  Década  pode  —  e  deve  —  ser
           fortalecida por meio de exemplos de investimentos em ciência de excelência como a do Banco
           Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES Azul, bem como através de estratégias
           nacionais coordenadas e engajamento propositivo nas redes globais.


           A recente conferência internacional da Década do Oceano, realizada em Nice, França, em abril
           de 2024, revelou o protagonismo de diversos países europeus, mas também evidenciou espaços
           abertos para novas vozes. A delegação brasileira esteve presente, mas é possível — e necessário
           — ampliar sua visibilidade, com propostas consistentes, cooperação diplomática e compromissos
           institucionais científi cos. O Brasil tem o conhecimento, os cientistas e as instituições necessários
           para assumir uma posição de destaque, especialmente se souber alinhar suas políticas científi cas
           às oportunidades da Década.


           Essa virada estratégica já começou a ser desenhada. O programa PROASA – Programa da Fundação
           de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para o Atlântico Sul e Antártica, por exemplo,
           constitui uma iniciativa de excelência voltada à integração da pesquisa interdisciplinar, inovação
           tecnológica e articulação institucional, podendo se consolidar como uma vitrine nacional da ciência
           oceânica e polar. Mas o PROASA não está sozinho.


           Outra iniciativa estratégica que merece destaque é o PROFOCAZ – Programa Fundo Oceânico da
           Amazônia Azul, concebido pelo Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra) e coordenado
           pela Marinha do Brasil, via Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm),
           em  parceria  com  a  Fundação  de  Estudos  do  Mar  (FEMAR),  a  Universidade  Federal  Fluminense
           (UFF), o Instituto Oceanográfi co de São Paulo (IO-USP), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro
           (UERJ) e muitas outras importantes instituições científi cas do País. O PROFOCAZ foca na geração
           de  conhecimento  sobre  o  fundo  oceânico  da  Zona  Econômica  Exclusiva  (ZEE)  e  da  Plataforma
           Continental Estendida Brasileira, com ações voltadas à caracterização geológica, geofísica, biológica
           e ambiental de áreas pouco conhecidas, como os Montes Submarinos Jean Charcot. Ao conjugar
           interesses científi cos, estratégicos e ambientais, o PROFOCAZ reforça a soberania nacional sobre
           o Mar Brasileiro, complementando e expandindo os objetivos da Década do Oceano com base em
           dados primários e infraestrutura científi ca nacional.





















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