Page 26 - Informativo Cembra - Novembro 2023 - Nº 12
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Um oceano sustentável e produtivo
Patrícia Miranda Menezes
O maior desafio a ser enfrentado pela humanidade hoje, a fim de evitar seu colapso nas próximas
décadas, é a transição para um modo de vida, de consumo e de produção mais sustentável, ou seja,
que cause menos impacto ambiental, reduza a emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE e faça o uso
racional dos recursos naturais para que eles estejam disponíveis para as próximas gerações (IPCC,
2019a; IPCC, 2019b; IPCC, 2020; IPCC, 2021).
Os fenômenos naturais extremos (como secas, enchentes, tempestades, ventanias, tsunamis e Matéria:
furacões) estão cada vez mais frequentes, deixando inúmeras pessoas sem água, comida, habitação;
causando perda da biodiversidade e óbitos; além de enormes prejuízos financeiros. Neste contexto, há
um denominador comum aos impactos negativos nas esferas econômica, social e ambiental: a Mudança
do Clima.
A Mudança do Clima no Brasil é comumente associada à mudança de uso da terra e à agropecuária. E
isso se dá em especial com relação à Amazônia, até hoje equivocadamente considerada por muitas
pessoas como “o pulmão do mundo”. No Brasil, essas são realmente duas das três maiores fontes de Um oceano sustentável e produtivo
emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE (BRASIL, 2019). Mas um outro bioma, muito menos
conhecido, tem um papel tão ou mais importante no âmbito da Mudança do Clima: o Oceano, já que ele
capta e redistribui dióxido de carbono (CO2) e calor.
Além de seus serviços ecossistêmicos relacionados ao clima, o Oceano também oferece aos seres
humanos: energia renovável, alimentos, água, valores culturais, turismo, comércio, transporte e
benefícios para saúde e bem-estar. Logo, a saúde do Oceano é essencial para a saúde e o bem-estar
da humanidade e demais seres vivos que habitam nosso planeta.No entanto, as atividades poluentes, a
sobre-exploração de recursos marinhos e outras atividades predatórias realizadas pelo homem,
tornaram o Oceano um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta.
Isto é uma ameaça “não apenas às formas de vida que habitam o planeta, mas às aspirações da
humanidade para a prosperidade e crescimento econômico dentro do contexto de desenvolvimento
sustentável” (IOC/UNESCO, 2011, p. 4, tradução nossa).
Para reverter este quadro, em 2017 a Organização das Nações Unidas – ONU proclamou a Década da
Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030, conhecida como Década do Oceano.
Ela almeja superar 10 desafios: entendimento do clima no oceano, capacitação sobre o oceano,
mudança de comportamento em relação ao oceano, poluentes, ecossistemas, alimentos do oceano,
economia oceânica, riscos relacionados ao oceano, sistemas de observação do oceano, representação
digital do oceano. Além de atingir 7 resultados: oceano conhecido e valorizado por todos, oceano limpo,
oceano saudável e resiliente, oceano seguro, oceano previsível, oceano acessível e oceano produtivo.
Atingir a meta de manter o oceano produtivo é essencial não apenas para a economia global
movimentada por grandes corporações. Mas, principalmente, para garantir a subsistência de milhões de
pessoas, em situação de vulnerabilidade social e/ou de povos e comunidades tradicionais, que
dependem da pesca para comer e gerar seu sustento. Para dar visibilidade a este importante fator
socioeconômico, a ONU proclamou 2022 como o Ano Internacional da Pesca e da Aquicultura
Artesanais.
Informativo CEMBRA Nº 12 - Edição Semestral 26