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Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. (UNOC – 2022)

               Lisboa, Portugal – 27 de junho a 1º de julho de 2022)



                                                                          Frederico Antonio Saraiva Nogueira

     É de conhecimento geral que aproximadamente 70% da superfície do globo terrestre é coberta pelo
     oceano,  que  abriga  também  80%  de  toda  a  vida  em  nosso  planeta.  Constitui,  portanto,  a  maior
     biosfera  do  Planeta  Terra.  O  que  vem  a  seguir  nem  é  tão  conhecido,  mas  o  oceano  gera  50%  do
     oxigênio que respiramos, absorve 25% de todas as emissões de dióxido de carbono e absorve 90% do               Matéria:
     excesso de calor gerado por essas emissões. Os oceanos não são apenas “os pulmões do planeta”,
     mas  também  seu  maior  “sumidouro  de  carbono”  –  um  amortecedor  vital  contra  os  impactos  das
     mudanças climáticas. Na verdade é o grande aliado na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
     Não  obstante,  o  oceano  –  nosso  maior  aliado  contra  as  mudanças  climáticas  –  está  com  sérios
     problemas. Os problemas mais significativos da nossa geração - as alterações climáticas, insegurança
     alimentar, doenças e pandemias, perda de biodiversidade, desigualdade econômica e mesmo conflitos
     –dependem  de  ação  imediata  para  proteger  a  saúde  dos  oceanos.  Para  impulsionar  soluções  para
     proteger o planeta e abrir um novo capítulo da ação global dos oceanos, líderes mundiais e defensores
     dos oceanos reuniram-se em Lisboa, Portugal, de 27 de junho a 1º de julho de 2022, para a segunda
     Conferência  dos  Oceanos  da  ONU.  Esse  evento  foi  decorrência  da  decisão  da  Assembleia  Geral    Conferência dos Oceanos das Nações Unidas
     75/578  de  9  de  setembro  de  2021,  com  o  propósito  de  apoiar  a  implementação  do  Objetivo  de
     Desenvolvimento  Sustentável  (ODS)  14,  da  Agenda  2030,  qual  seja,  “Conservar  e  usar  de  forma
     sustentável  os  oceanos,  mares  e  recursos  marinhos  para  o  desenvolvimento  sustentável.”  A
     Conferênca foi realizada sob o tema “Ampliar a ação oceânica com base na ciência e inovação para a
     implementação do Objetivo 14: balanço, parcerias e soluções[1]”.
     A Conferência foi promovida em conjunto pelos governos de Portugal e Quênia, e foi conduzida de
     maneira a atender prioritariamente a oito diálogos interativos a saber:

         combater a poluição marinha;
         gerir, proteger e restaurar os ecossistemas marinhos e costeiros;
         minimizar e combater a acidificação, desoxigenação e aquecimento dos oceanos;
         tornar a pesca mais sustentável e permitir o acesso do segmento de pesca artesanal aos recursos
         marinhos e mercados;
         promover e fortalecer economias sustentáveis baseadas nos oceanos, em particular nos pequenos
         Estados insulares em desenvolvimento e nos países menos desenvolvidos;
         aumentar o conhecimento científico e desenvolver a capacidade de investigação e a transferência de
         tecnologia marinha;
         potenciar a conservação e uso sustentável dos oceanos e dos seus recursos através da aplicação do
         Direito Internacional; e
         estimular as interligações entre o ODS 14 e os outros Objetivos rumo à implementação da Agenda
         2030.

     A  primeira  “UN  Ocean  Conference”  foi  realizada  em  Nova  Iorque,  na  sede  das  Nações  Unidas  no
     período de 5 a 9 de junho de 2017 e foi vista como um divisor de águas ao alertar o mundo para os
     problemas  do  oceano.  A  segunda  Conferência  foi  destinada,  segundo  Peter  Thomson,  Enviado
     Especial  do  Secretário-Geral  da  ONU  para  o  Oceano,  à  Lisboa  a  “indicar  soluções  para  esses
     problemas”.  Conforme  referido  anteriormente,  os  governos  de  Portugal  e  Quênia  coorganizam  a
     Conferência  dos  Oceanos.  Liu  Zhenmin,  subsecretário-geral  das  Nações  Unidas  para  os  Assuntos
     Econômicos e Sociais, foi destacado como secretário-geral da Conferência e Miguel de Serpa Soares,
     subsecretário-geral  para  os  Assuntos  Jurídicos,  foi  o  Conselheiro  Especial  dos  Presidentes  da
     Conferência dos Oceanos sobre questões jurídicas e relacionadas com os oceanos.

      ¹No original, “stocktaking, partnerships and solutions”.
      ²Disponível em https://news.un.org/en/story/2022/05/1119192, Acesso em 12 de agosto de 2022.


             Informativo CEMBRA                                        Nº 13 - Edição Semestral                  24
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