Page 13 - Informativo Cembra - Julho 2018 - Nº 6
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no ano passado uma falsificação de sinal quase enviou um jato executivo para o espaço aéreo
controlado pelo Irã. A figura acima ilustra a situação.
Enquanto o Galileo, o GLONASS e o BeiDou se modernizam, o GPS não tem um sistema de
apoio civil e os EUA estão ficando para trás nessa nova competição no espaço, com os satélites
GPS ficando desatualizados, muitos excedendo a vida útil projetada de 8 a 15 anos, e com um
lento processo de substituição.Novas tecnologias estadunidenses estão em desenvolvimento,
mas pode demorar anos até que sejam amplamente adotadas.A Fundação para Navegação e
Tempo Resilientes dos EUA (Resilient Navigation and Timing Foundation - https://rntfnd.org)
há anos vem alertando para a gravidade do problema.
O Galileo possui a capacidade de autenticar seus sinais, garantindo que eles sejam reais, e o
BeiDou tem o maior número de satélites, com a China construindo uma infraestrutura terrestre
para expandir sua cobertura, com estações associadas a 12.000 milhas de cabos de fibra ótica,
que transmitem sinais cobrindo todo o país e fornecem serviço de PNT sem satélites.
Na Ucrânia, muitas munições guiadas por satélite fabricadas nos EUA não resistiram à tecnolo-
gia de interferência russa, levando Kiev a parar de empregar certos tipos de armamentos forne-
cidos pelo Ocidente depois que as suas taxas de eficácia despencaram, de acordo com oficiais
ucranianos de alto escalão e avaliações internas confidenciais obtidas pelo The Washington
Post. A capacidade da Rússia de neutralizar essas armas de alta tecnologia tem sérias implica-
ções para a Ucrânia e seus apoiadores ocidentais, potencialmente fornecendo um modelo para
adversários como China e Irã.
A vulnerabilidade dos GNSS fica ainda mais alarmante quando constatamos um aumento da
ocorrência de interferências não intencionais ao redor do mundo e a capacidade dos EUA, Rús-
sia e China de destruir satélites no espaço, como fizeram com alguns de seus próprios satélites.
Apesar de existirem receptores híbridos que podem operar com vários GNSS, aumentando a
sua resiliência, eles não estão imunes ao bloqueio e falsificação de seus sinais.
O Reino Unido vem conduzindo uma série de estudos e demonstrações sobre o seu sistema de
PNT alternativo eLoran, baseado em estações em terra. A Coréia do Sul, usuária do GPS, está
pronta para aprimorar sua navegação e confiabilidade de serviço com esse sistema totalmente
operacional e estabelecido. Espera-se que tal sistema garanta que os navios possam navegar
com segurança mesmo durante interrupções de sinal de GPS em larga escala, como as que o
país experimentou recentemente, e para aprimorar a confiabilidade dos serviços dos seus se-
tores público e privado, incluindo transmissão, telecomunicações e finanças.
Apesar de os EUA já terem desenvolvido equipamentos para interferir nos sinais dos GNSS Bei-
Dou e GLONASS, os sistemas eLoran estão atualmente operacionais na China, e a Rússia possui
um sistema semelhante (Chayka).
No setor marítimo, além de alternativas baseadas em Sistemas de Referência Inercial (IRS),
Bússolas Quânticas e R-Mode, o sistema de troca de dados VHF (VDES - VHFData Exchange
System), uma evolução do AIS, também está sendo estudado como uma fonte de alternativa de
PNT (A-PNT), particularmente por meio de sua capacidade de longo alcance, conhecida como
VDES-R (ver detalhe da figura).
Atualmente, os EUA estão tão dependentes dos sinais de GPS, que a mera ameaça de inter-
rupção dos seus serviços pode ser suficiente para impactar a sua segurança nacional e política
externa. O Brasil, como tantos outros países usuários do GPS nos mais variados campos de ati-
vidade, provavelmente tenderá a acompanhar alguma solução adotada pelos EUA.
Centro de Excelência para o Mar Brasileiro - Informativo Cembra 13

