Page 18 - Informativo Cembra - Dezembro Abril 2023 - Nº 13
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"Um oceano saudável e resiliente"
CC (RM3-T) Sávio Henrique Calazans (IEAPM)
SC-NS Lohengrin Fernandes (IEAPM)
Temos um oceano de razões para refletirmos sobre nós e sobre a vida quando estamos diante do
infinito azul na frente das praias. Os oceanos sempre foram fonte de inspiração, por sua
imensidão, seus mistérios, seus organismos exóticos, seus recursos, sua fartura e aventuras para
descobrir no além mar. O surgimento dessas grandes massas de água está intimamente ligado à
consolidação do planeta Terra com vapores das atividades vulcânicas que formaram a atmosfera e Matéria:
resfriou o planeta. Os oceanos nos possibilitaram ir além do horizonte, desvendar novas terras,
chegar nos quatro cantos do mundo e nos reencontrar. Por causa dos oceanos, vivemos em um
planeta azul ou planeta água. No qual, cerca de 70% da superfície é coberta por água e os
oceanos contêm 97% de toda a água do planeta. Nos oceanos, se produzem 70% do oxigênio do
planeta e 75% de toda a biomassa animal. Essa grande massa de água faz dos oceanos um
imenso reservatório, regulando nosso clima e o tempo atmosférico, estabilizando a temperatura do Um oceano saudável e resiliente
planeta, moldando a química terrestre e provendo um lar para a maior parte da vida do planeta
Terra. Não bastassem os oceanos moldando o planeta, os especialistas também acreditam que as
fontes hidrotermais, no fundo dos oceanos, foram e ainda são verdadeiros berçários, responsáveis
pelo surgimento da vida no planeta. A vida, em uma explosão de diversidade, modificou as
características primitivas dos oceanos, da atmosfera e colonizou os continentes. Nesse contexto
de fatos importantes dos oceanos, há aproximadamente 50 milhões de anos, mamíferos
semelhantes a um pequeno cervo, e primo primitivo dos elefantes que andavam nas águas,
voltaram aos mares, transformando-se em baleias, golfinhos, peixes-bois e dugongos. Sendo
assim, os oceanos moldaram o planeta Terra, permitiram o surgimento da vida e continuam
mantendo e produzindo a vida.
Os oceanos mantêm a maior parte da vida e biodiversidade do planeta, fornecem boa parte dos
alimentos que consumimos e viabilizam relações humanas, desde os primórdios da civilização.
Alguns estudos ressaltam que os oceanos e seus recursos viabilizaram a sobrevivência da
humanidade na última era glacial. A história e o desenvolvimento das civilizações, invariavelmente,
se relacionaram com as regiões litorâneas (i.e. Vinkings e Povos do Mar Mediterrâneo e da Ásia
Marítima). As atividades pesqueiras se desenvolveram e são preservadas até os dias atuais.
Algumas culturas e nações mantêm a pesca como principal atividade econômica, destacando-se
entre os produtores de recursos pesqueiros ao redor do mundo. Por essas razões, os oceanos têm
sido vistos como fonte “inesgotável” de riqueza para a humanidade, capazes de fornecer
benefícios variados, como alimentos, serviços, energia, lazer e transporte. Contudo, a economia
relacionada ao mar pode estar comprometida por ameaças recentes, como a poluição marinha que
leva à perda de saúde do oceano. Os oceanos ainda estão resistindo, mas os serviços ambientais
ecológicos que os oceanos nos oferecem, os ecossistemas, a biodiversidade marinha e o potencial
biotecnológico oculto no mar estão sob ameaça.
Os oceanos são formados por regiões próprias (plataformas continentais, regiões profundas,
recifes de corais etc.) que são condicionadas por fatores abióticos (ou não-vivos) como pressão,
iluminação, temperatura, oxigênio etc. Essas regiões acabam desenvolvendo características
biológicas específicas, formando ecossistemas marinhos interconectados que sofrem impactos em
cadeia com eventuais alterações no planeta. A degradação dos oceanos está acelerada, devido
ao aumento das atividades humanas insustentáveis e, atualmente, apenas 4% dos oceanos estão
protegidos. Estudos indicam que deveríamos proteger pelo menos 30% das áreas dos oceanos
para sermos capazes de preservar os ambientes e a biodiversidade marinha no planeta.
Recentemente, um alerta destacou a vulnerabilidade que a Amazônia está enfrentando com a
degradação ambiental.
Informativo CEMBRA Nº 13 - Edição Semestral 18