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Resultados Esperados para a Década do Oceano

                            Um oceano sustentável e produtivo



           Colaboradores em ordem alfabética: Eduardo R. Secchi, José H. Muelbert, Luis Gustavo Cardoso, Ronaldo
                         Cavalli, Wilson Wasielesky – Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande

     As Nações Unidas declararam os oceanos como alvo da Meta 14, “Vida abaixo d’água”, na Agenda
     para o Desenvolvimento Sustentável 2030 e, devido à importância dos oceanos para o equilíbrio do
     clima e para a segurança da vida na Terra, definiram 2020-2030 como a Década da Ciência Oceânica.              Matéria:
     Os  oceanos  representam  um  grande  potencial  para  atender  temas  estratégicos  para  o  País,  como
     segurança  alimentar  e  ambiental,  previsão  climática,  bio  e  geoprospecção,  energias  alternativas  e
     biodiversidade.
     Considerando  as  dimensões  da  Zona  Econômica  Exclusiva  brasileira  e  a  complexidade  dos  temas
     envolvidos,  será  fundamental  uma  articulação  regional,  nacional  e  internacional,  envolvendo  a
     quádrupla  hélice  para  que  possamos  otimizar  o  uso  dos  oceanos  de  maneira  sustentável.  Esta
     articulação será essencial para o avanço das Ciências do Mar e a sustentabilidade de longo-prazo da
     relação homem-mar. O avanço no conhecimento, preferencialmente por meio de abordagens multi e
     interdisciplinares, deverão ser orientadas na solução de problemas e integrar pesquisas que abordem a
     identicação  e  mapeamento,  monitoramento  da  riqueza  e  diversidade  biológica  e  geológica  dos
     oceanos.  A  prospecção  da  diversidade  geológica  proporcionará  a  identicação  e  mapeamento  de
     minerais  de  interesse  econômico  incluindo  óleo,  gás  e  nódulos  metálicos.  Estes  recursos  minerais
     serão fontes de energia e matéria para abastecer parte da matriz econômica mundial.
     O potencial dos recursos vivos marinhos provenientes da pesca e da aquicultura é fonte sustentável de
     alimentos  de  elevada  qualidade  para  a  crescente  população  humana.  A  segurança  alimentar  está
     relacionada com a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidades
     sucientes e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e sustentáveis. Nesse
     sentido,  a  soberania  nacional  será  essencial  para  garantir  a  segurança  alimentar,  respeitando  as
     características  culturais  de  cada  região.  Deverá  ser  considerada  a  utilização  sustentável  destes
     recursos por meio da avaliação do seu estado de exploração e investigação de alternativas de medidas       Resultados Esperados para a Década do Oceano - Um oceano sustentável e produtivo
     de  gestão  de  estoques  pesqueiros  e  do  desenvolvimento  da  aquicultura  responsável.  Conhecer  a
     biologia dos recursos pesqueiros e monitorar de forma contínua as pescarias são passos essenciais na
     avaliação  do  impacto  sobre  os  estoques  explorados,  e  possibilitarão  a  criação  de  planos  de  gestão
     sustentável da pesca. Desde a década de 1970, o Instituto de Oceanografia da FURG (IO-FURG) vem
     estudando  as  pescarias  costeiras  e  oceânicas  no  sudeste  do  Oceano  Atlântico  e  subsidiando
     avaliações  de  estoque  e  diversas  iniciativas  de  gestão  nacional  e  internacional.  Estas  pesquisas
     também  consideram  o  impacto  da  pesca  sobre  o  ecossistema  marinho  e  indicam  prioridades  para
     estratégias de conservação e legislação visando uma exploração racional dos recursos pesqueiros. A
     investigação do potencial de agregação de valor nutricional aos produtos marinhos, por meio da ciência
     e tecnologia de alimentos, e com baixo risco à saúde humana, pela análise de contaminantes químicos
     e biológicos, também deverá ser priorizada.
     Em que pese a enorme importância socioeconômica da pesca, atualmente, a maior parcela do pescado
     disponível para consumo humano provém da aquicultura. A carcinocultura, por exemplo, responde por
     mais de 80% de todo camarão comercializado no Brasil. Isso só foi possível graças a modificações nos
     sistemas de produção na busca por maior sustentabilidade, especialmente por meio de melhorias nas
     práticas  de  manejo  e  da  reestruturação  das  fazendas  como  o  sistema  de  bioflocos  (BFT  –  Biofloc
     Technology Culture System) empregado pelo IO-FURG. No sistema BFT, os microrganismos, ao serem
     estimulados, reciclam nutrientes, servem como alimento aos camarões, diminuem a demanda por ração
     e água e a quantidade de efluentes. Como resultado, tem-se uma produtividade 20 a 40 vezes maior
     que  nos  sistemas  convencionais  de  produção  de  camarão  de  forma  sustentável  e  com  alta
     biossegurança. Sistemas sustentáveis com práticas eficientes de manejo e com o uso de tecnologias
     modernas de produção possibilitarão eficiência e produtividade na aquicultura.



             Informativo CEMBRA                                        Nº 13 - Edição Semestral                  16
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