Page 15 - Informativo Cembra - Abril 2025 - Nº 17
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No que tange à concentração de recursos, elemento fundamental ao desenvolvimento científico e
tecnológico, dado os registros históricos de investimentosdirecionados à área de CT&I no Brasil,
o atual “ecossistema” de CT&I enfrenta o dilema de valores, tempo e recursos humanos em quan-
tidade e estabilidade necessários para seu desenvolvimento autóctone. Resta sempre a difícil de-
cisão de onde posicionar o sistema de CT&I, se na pesquisa e desenvolvimentos de tecnologias e
conhecimentos, sob risco do não sucesso ou se na absorção e emprego competente de tecnologias
adquiridasno mercado, sob o risco de dependência.
Esse dilema, conhecido como “buy or make it“, representa importante inflexão nos processos de
desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento nacional. Saber, à priori, onde investir as limita-
das capacidades é refletir sobre o que realmente é estratégico, ou seja, naqueles conhecimentos
e capacidades mais passíveis de, ao serem negadas o acesso, provocarem maior prejuízo e maior
fragilização à nação, destacando-as das tecnologias que podem ser adquiridas, seja por não termos
o ritmo e concentração de recursos (humanos e materiais) necessários ao seu desenvolvimento e
manutenção, seja pelo foco em aprender a usar com competência e eficácia nos ambientes opera-
cionais de nossa responsabilidade.
Comprar ou Desenvolver, essa dubiedade é atual e seminal para o Setor de CT&I da Marinha.
Para fazer frente a tal dilema, diuturnamente,a tarefa requerida seria avaliar as demandas da Força,
expressa a partir dos documentos condicionantes e das necessidades estabelecidas, de forma
a priorizar e avaliar os fatores que venham a orientar a decisão sobre comprar ou desenvolver.
Uma vez decidido pelo desenvolvimento, faz-se necessária uma clara visão dos objetivos a serem
alcançados pelo projeto ou pesquisa, de forma a orientar seus rumos e definir necessidades de
estudos e pesquisas componentes.
A esse esforço de avaliação segue-se o dimensionamento apropriado dos recursos das Instituições
de Ciência e Tecnologia partícipes e a verificação das eventuais parceiras para a cooperação com
as competências complementares à demanda. Para estes atores busca-se sinergia entre o Capital
Intelectual, existente ou necessário, e a infraestrutura requerida. Por fim, cabe o dimensionamento
da Infraestrutura tecnológica e da gestão do conhecimento.
Neste contexto, não menos importante,está a busca de soluções jurídicas, financeiras e comerciais,
consubstanciada em Modelo de Negócio, que dará a esperada sustentabilidade ao projeto durante
todo o seu ciclo de vida.
Assumindo o desenvolvimento, espera-se que o sistema de CT&I gere conhecimentos científicos
e tecnológicos, propriedades intelectuais e produtos ou seus aprimoramentos juntamente com os
arcabouços documentais que permitam a participação plena do Setor Produtivo (BID) ou outras
empresas parceiras.
E toda esta engrenagem gerencial necessita ser executada sem que se afaste da fronteira tecnoló-
gica pertinente, não existindo receita ou fórmula passível de ser considerada, pois cada caso é um
caso. O fio condutor necessário é o desenvolvimento de uma capacidade de percepção aguçada
para entender o ambiente que nos cerca, levando em conta as limitações e possibilidades de forma
a concentrar capacidades e acelerar sinergias. Somente assim o sucesso pode ser atingido!
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