Page 24 - Informativo Cembra - Julho 2018 - Nº 6
P. 24
Energia a partir das Correntes
A utilização do movimento das marés e das correntes
sempre foi uma perspectiva conhecida na produção de
energia e, devido ao avanço da tecnologia, começa a se
tornar viável economicamente e altamente sustentável.
Algumas empresas apresentaram ao IEAPM sistemas
que poderiam captar a água transportada por corren-
tes costeiras e oceânicas. O Instituto tem realizado
modelagem oceanográfica aplicada a cada sistema pro-
posto para identificar áreas propícias a esta captação.
Regiões de intensificação da corrente, com baixa varia-
bilidade sazonal, e baixa ocorrência de bioincrustação
são os aspectos avaliados.
A figura 2 apresenta índices locais adequados para a
instalação de sistemas próximos ao fundo ou em linhas
de fundeio, tendo como exemplo a região próxima a Ar-
raial do Cabo (RJ). Para a geração de energia, a corrente
pode ser potencializada e se a distância ao continente Figura 2 - Porcentagem de tempo mensal com condições
for menor possível pode tornar o processo de produção adequadas para a produção de energia a partir das cor-
economicamente viável. rentes (Modelo regional ADCIRC).
Energia a partir do Gradiente Térmico
A tecnologia para conversão da energia térmica dos oceanos (OTEC em inglês) em energia elétrica já
vem sendo estudado no Havaí desde 1979 e como alternativa de produção energética no Japão desde
4
1999 . O talude oceânico brasileiro foi estabelecido como o local mais viável para a instalação de uma
plataforma OTEC, tendo em vista que apresenta em praticamente toda a sua extensão, gradientes de
temperatura que se aproximam em 20 °C, onde as profundidades alcançam 1000m.
Estes locais podem estar distantes da costa de até 50 a 100 MN, o que aumentaria o custo para transpor-
te da energia produzida ao continente. Em regiões onde a ressurgência atua e a plataforma continental
é mais estreita, esta distância pode diminuir consideravelmente. O IEAPM estuda regiões e localidades
onde variavelmente este gradiente pode ser explorado com menor custo de produção.
A figura 3 ilustra o princípio da plataforma OTEC. Um tubo de aproximadamente 1000m de compri-
mento é instalado a plataforma, e bombeia água gelada para com a água quente bombeada da superfície
4
inicie o processo de conversão em energia . A região entre Cabo Frio e Cabo de São Tomé no estado
do Rio é estudada pois a presença da ressurgência na região costeira demonstra grande expectativa de
em bem menos profundidade (100 a 200m) o gradiente térmico necessário para a OTEC seja observado
5
climatologicamente . A Base de Dados Qualificada (BDAQ) do IEAPM tem sido utilizada para criar me-
todologias de identificação de áreas propícias para o sistema OTEC.
24 Centro de Excelência para o Mar Brasileiro - Informativo Cembra

