Page 34 - Informativo Cembra - Julho 2018 - Nº 6
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Há dificuldade de controlabilidade nos navios, se comparados a veículos terrestres e aéreos. No
        seu deslocamento, há geração de ondas, efeitos hidrodinâmicos e influência no comportamento
        do navio decorrente do movimento simultâneo em dois meios fluidos (água e ar). Destarte, para
        manobrar navios, é necessário conhecimento de física, engenharia naval, ciência náutica e,
        claro, muita experiência.


        Navios mercantes servem para transportar carga e pessoas ou são especializados em algum
        serviço,  sendo  configurados  de  acordo  com  sua  finalidade.  Quanto  maior  a  necessidade,
        maior o navio (largura, comprimento e calado). Navios maiores maximizam os lucros e, ainda,
        contribuem para o desenvolvimento sustentável. Como consequência, os portos e terminais
        precisam ser adequados.


        Inicialmente, os portos eram naturais, em águas abrigadas das ondas e dos ventos. Com o au-
        mento das dimensões dos navios, foi necessário haver dragagens e a construção de portos
        artificiais. O serviço de dragagem é estratégico, sendo crescente a necessidade de aumento
        da profundidade e contorno dos canais de acesso e bacias de manobras, além da manutenção
        devido ao acúmulo de sedimentos.


        Navios  maiores,  melhores  serviços  de  apoio  à  navegação,  organização  e  padronização  de
        serviços e equipamentos decorreram de muita tecnologia. Para tal, a organização de processos
        ocorre  de  forma  global  (IMO,  IALA,  PIANC),  uma  vez  que  os  navios  se  movimentam  entre
        portos de diversos países. Destarte, o Brasil necessita agilidade na adaptação dos serviços, dos
        equipamentos e da normatização.


        Quanto aos equipamentos, como exemplo de tecnologias recentes, é possível citar:  motores,
        leme  (spaderudder),  bowthrusters,  sternthrusters,  propulsão  azimutal  e  sistemas  de
        posicionamento dinâmico (manobras em baixa velocidade). Também foi necessário aprimorar
        os rebocadores portuários, em potência (bollard-pull) e controlabilidade, usando propulsão
        azimutal,  além  da  alteração  em  seus  cascos  e  cabrestantes.  Os  cabos  desses  rebocadores
        passaram para materiais sintéticos, como kevlar, além de guinchos potentes com sistemas de
        “render-recovery”,  evitando  choques  no  cabo  e  sua  possível  ruptura.  Os  navios  passaram  a
        necessitar cabeços mais robustos (safe workload). Também houve um desenvolvimento no setor
        de navegação e controle do tráfego adjacente, como RADAR, GPS, ECDIS e AIS. Foi necessária
        a padronização de sinais de auxílio à navegação e, com muito critério, foi autorizado o uso do
        AtoN virtual.


        Para melhor apoio ao trabalho do prático, a Atalaia modernizou-se contando com poderosas
        ferramentas de comunicação por link e estações retransmissoras (VHF). Ganhou acesso a in-
        formações meteorológicas fornecidas por sensores, como boias, anemômetros, correntôme-
        tros e câmeras, bem como sistemas de apoio à decisão que auxiliam no controle do tráfego e
        permitem verificar o cumprimento dos requisitos operacionais de cada manobra. Ferramentas
        como o “redraft” (uso do calado dinâmico), SISCORAR, dentre outros, permitem avançar nos
        limites operacionais, com maior segurança. Muitas dessas tecnologias nasceram de start-ups
        ligadas à Academia. A Atalaia é uma estrutura cara, e necessita de manutenção constante e
        muito treinamento.








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