A Energia dos Oceanos: conheça as opções de energias sustentáveis do mar
A busca por alternativas energéticas que causem menos impactos ao meio ambiente passou a fazer parte do planejamento estratégico das nações. Diante desse cenário, o processo de transformação pelo qual passa o setor elétrico mundial está orientado para a adoção de soluções sustentáveis que envolvam a crescente participação de fontes limpas e renováveis.
Nesse contexto, a costa brasileira e as vastas áreas que constituem o mar territorial apresentam condições para esse aproveitamento energético no País. Com o potencial de contribuir para a ampliação da oferta de eletricidade dentro de uma matriz energética limpa e diversificada, esses recursos, em função de sua ampla distribuição geográfica, podem ter um papel significativo na universalização do serviço de energia elétrica, contribuindo para reforçar a matriz energética vigente e o desenvolvimento sustentável.
Conheça os recursos energéticos dos oceanos
Energia das Ondas
As ondas do mar são consequência da transferência de energia dos ventos ao longo de uma faixa sobre a superfície oceânica. Os ventos, por sua vez, são causados pelos gradientes de pressão existentes na superfície terrestre que são ocasionados pelo aquecimento solar desigual do planeta (CRUZ, 2008).
A energia contida nas ondas é, portanto, uma forma de energia solar, porém, mais concentrada. O fator de acumulação de energia solar na formação dos ventos é de duas a seis vezes, enquanto o fator de acumulação da energia eólica em energia de onda é de aproximadamente cinco vezes. Isso significa que, para um mesmo potencial energético, em tese, são necessárias menores áreas para conversão da energia das ondas em eletricidade.
Energia das Marés
Como resultado do movimento periódico dos astros, as marés apresentam recorrência entre 12 e 24 horas em função da localização no globo terrestre. Com comprimentos de ordens continentais, a maré configura a maior onda oceânica existente. A amplitude da maré também varia com o tempo e em função da periodicidade e da intensidade dos fenômenos astronômicos envolvidos. As maiores variabilidades, contudo, estão relacionadas à posição e às características da costa.
Ao alcançar a plataforma continental e a área costeira adjacente, a maré sofre transformações como refração, reflexão e difração. Também sofre efeitos causados pelo fundo, acarretando redução de sua celeridade e aumento da amplitude. Em estuários estreitos, há uma tendência de maior concentração de energia por unidade de largura e ressonância na reflexão da maré, ocasionando o aumento de sua amplitude.
A energia das correntes
As correntes marítimas correspondem aos deslocamentos contínuos das águas oceânicas, com o mesmo sentido e a mesma velocidade. Essas grandes massas de água salgada que correm na superfície dos oceanos e em águas profundas, seguindo cursos bastante regulares, são consideradas verdadeiros rios oceânicos.
O principal fator responsável é a diferença da densidade das águas, que é provocada pela diferença de temperatura. Ou seja, as temperaturas extremamente baixas nas regiões polares afetam consideravelmente a densidade da água do mar nas altas latitudes, constituindo fator muito importante para desencadear o processo de correntes frias e profundas e, consequentemente, provocar o deslocamento da água superficial e quente na direção das altas latitudes para suprir o espaço liberado pelo deslocamento das correntes frias e profundas na direção das baixas latitudes e do equador.
A velocidade dessas correntes pode atingir valores superiores a 1 m/s. Já as correntes de maré são de importância e magnitude variável devido à localização. São cíclicas e podem ser significativas para a exploração de energia, especialmente nos estuários, onde podem atingir velocidades superiores a 2 m/s.
Energia Eólica Offshore
No Brasil, atualmente, mais de duas dezenas de projetos de energia eólica offshore estão em análise pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) visando à licença de instalação. A maioria deles fica na Região Nordeste, que representa o maior potencial disponível em profundidades de até 50 m, o que possibilita a instalação de turbinas a partir da utilização de estacas ou com estruturas fixas tipo jaqueta.
Outra região que tem atraído a atenção de investidores é a Região Sudeste, em área próxima à divisa dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Estudos recentes demonstram velocidades de vento e fator de capacidade nessa área apropriados para investimentos em energia eólica offshore, tanto em águas rasas quanto em águas profundas.
Por Segen Farid Estefen Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ)
LEIA O CAPÍTULO “Energia dos Oceanos” – Pág 137. https://www.cembra.org.br/gallery/07-Cap-IV-Energia-dos-Oceanos-novembro-de-2021.pdf
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